A arquitectura românica | M3






A arquitectura românica é o estilo arquitectónico que surgiu na Europa no século X e evoluiu para o estilo gótico no fim do século XII. Caracteriza-se por construções austeras e robustas, com paredes grossas e minúsculas janelas, cuja principal função era resistir a ataques de exércitos inimigos. As conquistas de Sancho de Navarra e Aragão, alargando o seu domínio, desimpediram o que viria a ser o famoso «caminho francês» para Santiago de Compostela, cuja célebre catedral (posteriormente reconstruída em 1705) é o mais acabado monumento peninsular da nova arquitectura românica, obedecendo ao padrão dos templos de peregrinação, como São Saturnino de Toulouse. O alçado da alta nave de Santiago inscreve os arcos redondos, o andor do trifório, e colunas adossadas à parede, donde arrancam os arcos torais da sua abóbada de berço.


Igrejas românicas e igrejas paleocristãs


A estrutura das igrejas românicas é mais complexa que a das paleocristãs. Estando mais próxima da arquitectura romana no seu aspecto apresenta naves de abóbadas de pedra em vez de travejamento de madeira. A igreja românica é precedida por um átrio ladeado de pórticos que faz a ligação à igreja através de um narthex. No caso das igrejas paleocristãs, no cruzamento da nave com o transepto situa-se um arco triunfal que emoldura a abside e o altar. As colunas da nave central suportam arcadas que conformam um alçado contínuo. O esquema do alçado interior das igrejas românicas faz-se através dos elementos: coluna, feixe de pilares, abóbadas de canhão, tribuna. Enquanto que nas paleocristãs é visível a sequência: colunas, entablamento directo, arco e vãos (clerestório).

Arquitectura românica de peregrinação

Cluny e Santiago de Compostela são provavelmente os melhores exemplos de igrejas de peregrinação. A planta é em cruz latina com 3 a 5 naves abobadadas em pedra. A cabeceira ou charola é constrituída por ábside, absidíolos e deambulatório. Estas igrejas eram dotadas para receber grandes multidões e procissões, pelo que havia a necessidade do deambulatório, que permitia o decorrer normal das cerimónias simultaneamente com as procissões passando atrás do altar. O trifório, galeria semi abobadada aberta para a nave central, era colocado sobre as naves laterias mais baixas, iluminado pelo clerestório. O narthex precedia a entrada e era reservado aos catecúmenos. No alçado da entrada são colocadas 2 torres. O sistema estrutural é conseguido através de contrafortes para suportar o peso, paredes compactas e poucas aberturas, cobertura em abóbada de canhão e abóbada de aresta na nave central. É feita uma divisão vertical em 2 planos, com uma galeria espaçosa sobre os arcos principais, os arcos laterais e transversais do interior são sustentados por apoios independentes.


Igrejas românicas de cúpula


Igrejas românicas de cúpula são igrejas com cúpulas seriadas (próprias do oeste e sul de França), influência directa da arquitectura muçulmana e bizantina. Possuem uma nave única muito ampla, em alguns casos com um transepto saído (Solignac e Angoulême). A ábside é tão larga como a nave. A nave central é coberta por uma série de cúpulas sobre pendentes sustentadas por arcos amplos. Em Germin-des-Prés observamos uma catedral com cruz grega inscrita num quadrado com uma cúpula central e cúpula nos cantos (planta em Quincunx). S.Marcos de Veneza apresenta uma planta em cruz grega em que a cúpula central se ergue muito acima da cúpula real mais baixa e em madeira.

Arquitectura religiosa românica francesa


França apresenta estilos locais, influência das igrejas de peregrinação. O ordenamento do extremo oriental evoluiu para uma planta radiante ou escalonada (como em Issoire). Era acrescentado um deambulatório à volta do perímetro da abside para permitir o acesso às capelas. Na planta escalonada eram introduzidas capelas no lado oriental do transepto. A separação entre o clero e fiéis era feita também com a distinção entre altares dos santos e altar-mor. Na Provença encontramos igrejas altas, pouco largas com coberturas de ogivas e arco quebrado, não tem tribuna mas altas janelas. Em Poitou as naves laterais são estreitas e elevam-se à altura da nave central. Um segundo grupo de igrejas, as igrejas de cúpulas foram influenciadas pela arquitectura muçulmana e bizantina, com uma nave única muito alta com ou sem transepto e capelas radiantes.