Que artes traziam os portugueses do Japão?

Capacete Namban
O Museu do Oriente tem patente uma exposição inédita: "Encomendas Namban. Os Portugueses no Japão da Idade Moderna" mostra a influência lusa na cultura local e na criação de uma nova forma de arte.
É um dos mais significativos conjuntos de peças de artes decorativas japonesas e indo-portuguesas que o Museu do Oriente reúne, de amanhã a 31 de Maio de 2011.
Mobiliário, têxteis, armaria e pintura, trabalhos oriundos do acervo daquele museu, de empréstimos de outras entidades museológicas e de coleccionadores privados nacionais e estrangeiros, reenquadram de forma única o fenómeno "namban", tendo como ponto de partida a encomenda daquele tipo de arte no contexto da presença portuguesa no Japão desde a segunda metade do século XVI até 1640. Afinal, não era característica primeira da arte “namban” a representação dos lusos que ali chegavam em caravelas e por lá se estabelecia?
Essa certeza é há muito uma realidade. Mas quem encomendava as peças de arte? A que mercados se destinavam? Que agentes estavam associados a estas transacções? A resposta a estas e outras perguntas surge através de quatro núcleos expositivos. A guerra, a religião representadas através da arte são as duas propostas iniciais desta exposição no Museu do Oriente, reflectindo sobre o sistema político do Japão e sobre a sua relação com a presença das ordens religiosas portuguesas, nomeadamente a Companhia de Jesus.
Bárbaros do sul
Mas o carácter verdadeiramente inovador da mostra chega nos dois últimos núcleos, onde se estabelece um contraponto entre as tipologias europeias introduzidas pelos artistas japoneses na sua arte e a decoração em laca tipicamente oriental. É a forma de chegar mais facilmente ao gosto português e de fazer com que a arte "namban", termo atribuído aos portugueses e que significa bárbaros do sul, passou a ter um mercado muito mais amplo do que o japonês, corroborando o pressuposto da existência de um mercado português na Índia para objectos lacados "namban".
O intercâmbio artístico entre os dois povos, mostra-nos ainda a exposição, não era, no entanto, equilibrado. Eram raras, no âmbito da arte portuguesa, as representações da população luso-asiática em contexto ultramarino.