Monet, A Gare Saint-Lazare, 1877,
Dimensões 75,5x104
cm . Museu D'Orsay, Paris
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Paris «muda mais
rapidamente do que o coração dos mortais», sustentava Charles Baudelaire, e a
vitalidade desta cidade em constante renovação oferece à pintura impressionista
notáveis estímulos. A Gare Saint-Lazare, no distrito de Batignolles, é um dos
símbolos da modernidade de Paris. A estrutura em ferro e vidro da recente
estação ferroviária – em consonância com as últimas tendências arquitectónicas
– presta-se bem a ser retratada pelo olhar sensível de Monet, que ficou
profundamente fascinado pelos efeitos produzidos pelo vapor dos comboios e pela
atmosfera que rodeia o ambiente à chegada das carruagens. O artista dedica à
Gare Saint-Lazare uma série de telas, a mais célebre das quais é, sem dúvida,
esta. O vapor confunde o olhar, envolvendo os escuros perfis das locomotivas e
dos viajantes que esperam à beira dos carris; por detrás da cortina de fumo, no
horizonte, a cidade com os seus característicos palácios banhados pelo sol.
Monet não retrata a ferrovia como símbolo de modernidade e progresso nem nutre
qualquer interesse pelas revoltas sociais que a difusão da rede ferroviária
provocou: o olhar do pintor é totalmente absorvido pela percepção das variações
atmosféricas e pelos efeitos do vapor.