Obras de Monet, Gauguin,
Matisse e Picasso poderão ter sido queimadas pela mãe de Radu Dogaru, o romeno
acusado de ter assaltado, em Outubro de 2012, o museu Kunsthal, em Roterdão, na
Holanda. Uma equipa de técnicos do Museu de História Natural da Roménia está
neste momento a investigar um monte de cinzas provenientes da casa de Olga
Dogaru, que alega ter-se desfeito das telas para proteger o filho.
Uma porta-voz da
procuradoria romena, Gabriela Chiru, diz que a polícia “não acredita
necessariamente no relato” de Olga Dogaru e avisa que os peritos poderão necessitar
de vários meses até chegarem a conclusões fiáveis.
Se a mãe de Radu estiver a
dizer a verdade, ter-se-ão irremediavelmente perdido obras de arte tão
relevantes como a Cabeça de Arlequim (1971), de Pablo Picasso,
duas das célebres telas impressionistas de temática londrina (Waterloo
Bridge e Charing Cross Bridge) que Claude Monet pintou no
princípio do século, a Leitora em Branco e Amarelo (1919), de
Henri Matisse, a Mulher diante de Uma Janela Aberta, de Paul
Gauguin, a Mulher com os Olhos Fechados, de Lucien Freud, e um Auto-retrato de
Meyer de Haan, datado do final do século XIX.
Provenientes da colecção
privada da Fundação Triton, reunida pelo multimilionário Willem Cordia,
falecido em 2011, as sete telas roubadas da Kunsthal poderiam render, em leilão,
dezenas de milhões de euros.
Radu Dogaru foi detido em
Janeiro, juntamente com dois alegados cúmplices, Alexandre Bitu e Eugen Darie,
mas todos eles continuam a negar qualquer envolvimento no bem preparado
assalto-relâmpago que o museu holandês sofreu no dia 16 de Outubro de 2012, quando
um número desconhecido de ladrões entrou por uma saída de emergência, de
madrugada, e roubou várias telas que integravam uma exposição comemorativa dos
20 anos da Kunsthal.
A polícia chegou ao museu
menos de cinco minutos após os assaltantes terem feito soar o alarme, mas já só
encontrou os espaços vazios nas paredes e rastos de um carro no relvado que
existe nas traseiras do edifício projectado por Rem Koolhaas.
Prevê-se que os três
suspeitos, incriminados na sequência de tentativas frustradas para vender as
obras, venham a ser julgados já no próximo mês de Agosto. As declarações de
Olga Dogaru parecem confirmar que o seu filho foi mesmo um dos autores do
roubo, mas se a análise das cinzas for inconclusiva, o desaparecimento dos
quadros pode também dificultar a tarefa da acusação. E segundo a agência
noticiosa Mediafax, que noticiou a alegada destruição das obras, o objectivo
confesso de Olga Dogaru foi mesmo o de destruir provas que pudessem servir para
incriminar o filho.
De acordo com a Mediafax, a
mãe de Radu Dogaru terá declarado aos investigadores que começou por enterrar
as telas, primeiro no jardim de uma casa abandonada e depois num cemitério. Já
depois da prisão do filho, e assustada com a visita da polícia a sua casa,
decidiu então queimar as pinturas. Ainda segundo a Mediafax, terá usado uma
panela grande, que encheu com pedaços de madeira, uns chinelos e outros
combustíveis que tinha à mão.